quinta-feira, 16 de maio de 2013

A vida é feita de Escolhas


A vida é feita de escolhas

 

Maurilio Tadeu de Campos

 

A vida é repleta de inúmeras escolhas que nos remetem a impasses, algumas vezes difíceis de resolver. Desde que nascemos fomos orientados a optar, a tomar decisões, a ir por um ou por outro caminho, sabendo das responsabilidades pelas consequências de cada escolha.

Há escolhas simples, desde aquelas que nos possibilitam definir com qual roupa iremos sair, o que comer nas refeições, que direção tomar diante de inúmeros caminhos. Escolhas mais complexas também permeiam o nosso desempenho na vida: se iremos nos envolver com uma determinada pessoa, decidir por viver só ou acompanhado, casar, ter filhos, adquirir um bem, escolher o lugar para morar, optar por uma carreira e preparar-se adequadamente para bem desempenhar a nossa profissão.  E assim, fazemos escolhas que poderão nos proporcionar prazer, felicidade ou, até, arrependimentos para, assim, poder ter novas oportunidades para mudar, seguindo novos rumos.

          Quando optamos por um caminho novo acabamos envolvendo outras pessoas nas nossas escolhas, os nossos companheiros de jornada. As escolhas que praticamos também dependem daquelas que também são feitas pelas pessoas envolvidas em nossa vida, pois convivemos e compartilhamos situações em conjunto e cada movimento que fazemos influencia os movimentos dos nossos parceiros. E as escolhas deles também acabam influenciando as nossas. Podemos ser livres para tomar todas as atitudes que pretendemos, mas precisamos entender que, muitas vezes, deixamos de ser mais ousados porque se o formos, comprometeremos pessoas que gostamos e, certamente, precisaremos ser mais cautelosos para não magoá-las, uma vez que as alegrias e ansiedades delas também serão nossas.

          Seria interessante se pudéssemos viver vidas dentro da nossa vida, de maneira que, de tempos em tempos, pudéssemos encerrar uma etapa e iniciar outras. Mas, se assim o fizéssemos, que sentido teria a nossa existência se não fosse toda ela construída a partir das escolhas? Cada escolha vai se acumulando a outras, sendo difícil interromper essa sequência de opções “livremente pretendidas e obtidas”.

          Quando nos encontramos no recesso dos nossos lares, recolhidos aos nossos próprios pensamentos, compreendemos que somos o resultado das inúmeras escolhas que praticamos. Certamente nos vem à mente que se tivéssemos tomado outras decisões tudo seria totalmente dessemelhante; outras escolhas determinariam outras consequências que nos fariam passar por experiências diferentes e seríamos, então, pessoas nada parecidas às que somos hoje.  As experiências acumuladas fazem de nós seres únicos e distintos dos nossos semelhantes, apesar de sermos tão parecidos em atitudes e reações.

Então, antes de maldizer a má sorte, e ter atitudes negativas diante da nossa atual condição de vida, precisamos entender que todas as escolhas que fazemos são as melhores e que, a partir delas baseia-se a (re)construção da nossa vida, abalizada nas preferências que nos  possibilitam ser cidadãos mais felizes, mais capazes de fazer novas e muitas outras escolhas que deixam marcas na nossa estrada já percorrida e que nos auxiliarão a trilhar caminhos ainda não conhecidos com a segurança que trazemos dentro de nós, pois somos fortes o suficientemente para superar todos os obstáculos encontrados ao longo da nossa existência.

Tecnologia Aproxima ?



Quando jovem, sonhava em possuir uma máquina de escrever. Custei a ter esse tão sonhado instrumento de escrita e, quando consegui comprar, precisei escolher a mais barata, que cabia no meu orçamento. Era uma máquina portátil, bem compacta. O tempo passou e eu adquiri outra, maior, com mais recursos e, assim, fui construindo meus textos e, com mais entusiasmo, passei a produzir jornais literários, contando com a ajuda de um mimeógrafo para reproduzir os periódicos. Era o máximo! Podia divulgar, assim, prosa e poesia de escritores locais e sofisticar os saraus literários da ocasião.

O tempo passou e, já nos anos noventa, comprei o meu primeiro microcomputador, bem mais sofisticado do que a máquina de escrever, que possibilitou ampliar a minha capacidade para produzir e reproduzir trabalhos com excepcional definição. Conseguia resultados bem melhores do que aqueles antes obtidos. Meus contatos com as pessoas passaram a ser mais ágeis. Antes usava cartas, cartões de mensagens, telegramas e outros meios de comunicação mais tradicionais; agora, os e-mails e as comunicações nas redes sociais permitiam rapidez nos relacionamentos, o que me fez abandonar de vez aquela minha aquisição de jovem ansioso pela sua primeira máquina de escrever. O computador passou a estar diante de mim, um aparelho habitual mais preciso, complexo e fascinante.

A tecnologia avançou e possibilitou a todos possuir instrumentos de comunicação ainda mais sofisticados. O telefone celular (o telemóvel, como dizem os portugueses), quando surgiu, era analógico, servindo apenas para contatos telefônicos; hoje possui múltiplas funções e, uma vez habilitado pode ser utilizado de modo a permitir aos seus usuários comunicação instantânea; antes artigo de luxo, hoje usado por muitas pessoas desde a mais tenra idade. Os tablets ampliaram e facilitaram ainda mais o convívio virtual nessa nossa “aldeia global”.

Hoje vejo crianças muito pequenas manipulando instrumentos de comunicação com uma facilidade que eu ainda não possuo. Os pequenos, ainda não alfabetizados, apoderaram-se da tecnologia com uma precisão espantosa. É habitual encontrar várias pessoas com seus aparelhos eletrônicos num quase frisson, “antenadas” com o mundo. Percebo que virou insignificante a comunicação mais pessoal e, quando acontece, é quase um resvalar de instantes em que os contatos virtuais perdem-se, em decorrência de supostas quedas de sinal.

          Voltei no tempo e percebi que, embora tivéssemos antes menos tecnologia, os contatos pessoais e calorosos nos possibilitavam a convivência mais saudável porque necessitávamos estar mais juntos para por em prática a real comunicação. Hoje as pessoas passaram a adotar comportamentos individualistas porque a sofisticação dos equipamentos parece querer a isso exigir. Eu diria até que os “amigos” acabam por assumir a aparência dos nossos aparelhos, excessivamente virtuais, e que é fácil “desligá-los” quando não estamos mais interessados neles; é só um toque ou um bloqueio e a situação fica “resolvida”. Entendo que, pelo que me parece, será difícil voltar ao tempo em que compartilhávamos mais o “olho no olho”, a “conversa ao pé do fogo” e conseguíamos ver as reações, as lágrimas saltando dos olhos e o sorriso nos lábios, nos muitos momentos em que a emoção possibilitava a prática do verdadeiro bem querer.

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