sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Um Blog para a literatura

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Villa-Lobos, sublime presença



Há 50 anos o Brasil perdia Heitor Villa-Lobos, o nosso mais famoso músico, compositor, arranjador, educador e modernista. Ele tomou para si o trabalho de agrupar as diferentes características culturais manifestadas pelo caboclo, pelo homem das grandes cidades, pelo sertanejo e pelo imigrante, num grande trabalho de etnografia, para transformá-las numa única manifestação cultural, que juntasse todas essas diferenças, deixando-as transparecer através da arte, popular ou erudita. Para reunir todas as variáveis culturais, Villa-Lobos viajou pelas regiões brasileiras, absorvendo as peculiaridades de cada ambiente, ouvindo os sons da natureza, o modo de ser dos habitantes dos diversos lugares por ele percorridos. A partir daí, o compositor descobriu uma linguagem peculiarmente brasileira em música, que o credenciou a ser o principal compositor do movimento modernista de 1922, quando mostrou toda a sua versatilidade, manifestada em sua bela obra. Compôs quase mil canções, entre as quais destacam-se os choros, as Bachianas, além de peças para canto coral que romperam as barreiras do eruditismo, trazendo para as partituras clássicas elementos sonoros e melódicos vinculados ao folclore, aos costumes indígenas e às demais manifestações populares, enaltecendo de maneira sensacional o caráter nacionalista ligados aos hábitos e costumes do Brasil. Foi aclamado em diversos países e hoje é referência para a musica de seu tempo, transpondo fronteiras, tornando-se uma figura sem precedentes na arte e na cultura, nacional e internacional, enaltecendo o nosso país em todos os instantes em que a sua arte chegou aos olhos e aos ouvidos do mundo.

Homenagens estão sendo feitas desde o início do ano, em diversos lugares do Brasil e em outros países. Desde o Festival Villa-Lobos, já na sua 47ª edição, tradicional evento de música clássica realizado no Rio de Janeiro no mês de novembro, além de exibições de documentários, especiais e filmes que enaltecem a figura desse extraordinário brasileiro. A realização bem recente do Simpósio Internacional Heitor Villa-Lobos, em São Paulo, os concertos diversos em várias localidades e até grandes acontecimentos em capitais estrangeiras como, por exemplo, o que está sendo programado para dezembro pela Universidade Sorbonne, em Paris. Essas homenagens simbolizam algo quase inédito: a perpetuação da memória, da cultura nacional que transpõe fronteiras e é apropriada pelos mais diversos povos, pelas nações e que, nesse momento, rememora Villa-Lobos, esse genial artista, respeitado onde quer que seja mencionado.

Heitor Villa-Lobos merece cada gesto, cada lembrança, cada homenagem, pois é exemplo a ser seguido por todos aqueles que anseiam fazer da arte e da música o seu meio de satisfação pessoal e profissional e os que pretendam, como ele, acariciar os nossos sentimentos, despertando a sensibilidade, a emoção e o prazer de conviver com a boa e apurada produção artística, típica dos grandes mestres.
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Maurilio Tadeu de Campos é professor e escritor. Membro efetivo da Academia Santista de Letras e Presidente da Contemporânea Projetos Culturais.

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