A Nova Companheira
Maurilio
Tadeu de Campos
Férias.
Novo passeio, desta vez a Portugal. Conheci a minha nova companheira de viagem
numa agradável tarde de domingo. À primeira vista ela me pareceu um pouco
ousada para os meus padrões mais conservadores. No entanto, a atração inicial definiu
que iríamos juntos. No primeiro dia da viagem ela apareceu linda, repleta de
adereços. Fomos juntos para o aeroporto e, após longo vôo chegamos a Lisboa. No
dia seguinte iniciaríamos uma maratona de doze dias, que incluiria não somente
a capital, mas várias outras cidades portuguesas.
Na
viagem que fiz há dois anos, a minha outra acompanhante sumiu assim que o avião
pousou em Madrid, aparecendo um mês depois. Passei, então, a ter certo receio
de que isso pudesse ocorrer novamente. Estava como “gato escaldado” e precisava
cuidar melhor para que não acontecesse fato semelhante. A jovialidade da atual
companheira deixava-me ressabiado, pois temia que ela se esvaísse e que eu,
pela segunda vez, passasse pela mesma situação. É bom esclarecer que não pude viajar
com a antiga companheira pois ela estava impossibilitada. Na viagem anterior ela
se acidentara e não se encontrava, ainda, pronta para um novo passeio.
Após
dois dias em Lisboa partimos para o sudeste de Portugal. Chegamos a Évora, eu e
a minha jovem acompanhante. Apesar de ligeiramente tranquilo estava apreensivo,
permanecendo assim também em Tomar, Coimbra, Régua, Guimarães e nas demais
cidades lusitanas. Porém, quando saíamos, sempre pela manhã, estávamos juntos.
Cada dia uma nova cidade e um novo hotel. E a minha acompanhante sempre comigo,
sem que eu observasse nela qualquer embaraço ou indisposição. Notei, porém, que
com o passar dos dias ela me pareceu um pouco mais rechonchuda e,
coincidentemente, com menos adereços. Eu, que prestava atenção a ela
diariamente, tornei-me ainda mais cuidadoso. Quando chegamos à cidade do Porto
ela passou a ficar no quarto, “a descansar” das inúmeras viagens de ônibus que fizemos
naqueles dias. Eu saia a passeio e, ao retornar, lá estava ela, tranquila, a
minha espera.
Finda
a viagem, preparamo-nos para regressar. Prontos, fomos para o aeroporto. Embarcamos
e, muitas horas depois o nosso avião tocou o solo brasileiro. Já no Brasil, a
minha fiel e jovial amiga continuava junto a mim. Chegamos em casa e, dias
depois, pude reunir as companheiras de viagem: a mais velha, tão formal como eu,
e a mais nova, já pronta para uma próxima viagem. Não estou me referindo a
pessoas e sim a duas malas de viagem, a antiga, que se avariou há dois anos, e
a atual, adquirida para substituir a outra, que estava com a fechadura quebrara.
Os tais adereços colocados na mala nova e que foram se perdendo, eram, de fato,
etiquetas coloridas, usadas para que eu melhor identificasse a minha bagagem entre
outras tantas, nos aeroportos. E a mala nova ficou mais “gordinha” porque foi
recebendo coisas novas, adquiridas durante a viagem. Comparando as duas malas, ótimas
companheiras de viagem, confesso que preferiria ter levado a mais antiga, mais
parecida comigo, sem desmerecer, é claro, a mais nova, que cumpriu muito bem a
sua missão.
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