sábado, 7 de julho de 2012

A Nova Companheira


A Nova Companheira

Maurilio Tadeu de Campos



Férias. Novo passeio, desta vez a Portugal. Conheci a minha nova companheira de viagem numa agradável tarde de domingo. À primeira vista ela me pareceu um pouco ousada para os meus padrões mais conservadores. No entanto, a atração inicial definiu que iríamos juntos. No primeiro dia da viagem ela apareceu linda, repleta de adereços. Fomos juntos para o aeroporto e, após longo vôo chegamos a Lisboa. No dia seguinte iniciaríamos uma maratona de doze dias, que incluiria não somente a capital, mas várias outras cidades portuguesas.

Na viagem que fiz há dois anos, a minha outra acompanhante sumiu assim que o avião pousou em Madrid, aparecendo um mês depois. Passei, então, a ter certo receio de que isso pudesse ocorrer novamente. Estava como “gato escaldado” e precisava cuidar melhor para que não acontecesse fato semelhante. A jovialidade da atual companheira deixava-me ressabiado, pois temia que ela se esvaísse e que eu, pela segunda vez, passasse pela mesma situação. É bom esclarecer que não pude viajar com a antiga companheira pois ela estava impossibilitada. Na viagem anterior ela se acidentara e não se encontrava, ainda, pronta para um novo passeio.

Após dois dias em Lisboa partimos para o sudeste de Portugal. Chegamos a Évora, eu e a minha jovem acompanhante. Apesar de ligeiramente tranquilo estava apreensivo, permanecendo assim também em Tomar, Coimbra, Régua, Guimarães e nas demais cidades lusitanas. Porém, quando saíamos, sempre pela manhã, estávamos juntos. Cada dia uma nova cidade e um novo hotel. E a minha acompanhante sempre comigo, sem que eu observasse nela qualquer embaraço ou indisposição. Notei, porém, que com o passar dos dias ela me pareceu um pouco mais rechonchuda e, coincidentemente, com menos adereços. Eu, que prestava atenção a ela diariamente, tornei-me ainda mais cuidadoso. Quando chegamos à cidade do Porto ela passou a ficar no quarto, “a descansar” das inúmeras viagens de ônibus que fizemos naqueles dias. Eu saia a passeio e, ao retornar, lá estava ela, tranquila, a minha espera.

Finda a viagem, preparamo-nos para regressar. Prontos, fomos para o aeroporto. Embarcamos e, muitas horas depois o nosso avião tocou o solo brasileiro. Já no Brasil, a minha fiel e jovial amiga continuava junto a mim. Chegamos em casa e, dias depois, pude reunir as companheiras de viagem: a mais velha, tão formal como eu, e a mais nova, já pronta para uma próxima viagem. Não estou me referindo a pessoas e sim a duas malas de viagem, a antiga, que se avariou há dois anos, e a atual, adquirida para substituir a outra, que estava com a fechadura quebrara. Os tais adereços colocados na mala nova e que foram se perdendo, eram, de fato, etiquetas coloridas, usadas para que eu melhor identificasse a minha bagagem entre outras tantas, nos aeroportos. E a mala nova ficou mais “gordinha” porque foi recebendo coisas novas, adquiridas durante a viagem. Comparando as duas malas, ótimas companheiras de viagem, confesso que preferiria ter levado a mais antiga, mais parecida comigo, sem desmerecer, é claro, a mais nova, que cumpriu muito bem a sua missão.

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