quinta-feira, 16 de maio de 2013

Tecnologia Aproxima ?



Quando jovem, sonhava em possuir uma máquina de escrever. Custei a ter esse tão sonhado instrumento de escrita e, quando consegui comprar, precisei escolher a mais barata, que cabia no meu orçamento. Era uma máquina portátil, bem compacta. O tempo passou e eu adquiri outra, maior, com mais recursos e, assim, fui construindo meus textos e, com mais entusiasmo, passei a produzir jornais literários, contando com a ajuda de um mimeógrafo para reproduzir os periódicos. Era o máximo! Podia divulgar, assim, prosa e poesia de escritores locais e sofisticar os saraus literários da ocasião.

O tempo passou e, já nos anos noventa, comprei o meu primeiro microcomputador, bem mais sofisticado do que a máquina de escrever, que possibilitou ampliar a minha capacidade para produzir e reproduzir trabalhos com excepcional definição. Conseguia resultados bem melhores do que aqueles antes obtidos. Meus contatos com as pessoas passaram a ser mais ágeis. Antes usava cartas, cartões de mensagens, telegramas e outros meios de comunicação mais tradicionais; agora, os e-mails e as comunicações nas redes sociais permitiam rapidez nos relacionamentos, o que me fez abandonar de vez aquela minha aquisição de jovem ansioso pela sua primeira máquina de escrever. O computador passou a estar diante de mim, um aparelho habitual mais preciso, complexo e fascinante.

A tecnologia avançou e possibilitou a todos possuir instrumentos de comunicação ainda mais sofisticados. O telefone celular (o telemóvel, como dizem os portugueses), quando surgiu, era analógico, servindo apenas para contatos telefônicos; hoje possui múltiplas funções e, uma vez habilitado pode ser utilizado de modo a permitir aos seus usuários comunicação instantânea; antes artigo de luxo, hoje usado por muitas pessoas desde a mais tenra idade. Os tablets ampliaram e facilitaram ainda mais o convívio virtual nessa nossa “aldeia global”.

Hoje vejo crianças muito pequenas manipulando instrumentos de comunicação com uma facilidade que eu ainda não possuo. Os pequenos, ainda não alfabetizados, apoderaram-se da tecnologia com uma precisão espantosa. É habitual encontrar várias pessoas com seus aparelhos eletrônicos num quase frisson, “antenadas” com o mundo. Percebo que virou insignificante a comunicação mais pessoal e, quando acontece, é quase um resvalar de instantes em que os contatos virtuais perdem-se, em decorrência de supostas quedas de sinal.

          Voltei no tempo e percebi que, embora tivéssemos antes menos tecnologia, os contatos pessoais e calorosos nos possibilitavam a convivência mais saudável porque necessitávamos estar mais juntos para por em prática a real comunicação. Hoje as pessoas passaram a adotar comportamentos individualistas porque a sofisticação dos equipamentos parece querer a isso exigir. Eu diria até que os “amigos” acabam por assumir a aparência dos nossos aparelhos, excessivamente virtuais, e que é fácil “desligá-los” quando não estamos mais interessados neles; é só um toque ou um bloqueio e a situação fica “resolvida”. Entendo que, pelo que me parece, será difícil voltar ao tempo em que compartilhávamos mais o “olho no olho”, a “conversa ao pé do fogo” e conseguíamos ver as reações, as lágrimas saltando dos olhos e o sorriso nos lábios, nos muitos momentos em que a emoção possibilitava a prática do verdadeiro bem querer.

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